"Um dos fenômenos culturais e políticos mais surpreendente dos anos recentes é a emergência da memória como uma das preocupações culturais e políticas centrais das sociedades ocidentais."
"Não há dúvidas de que o mundo está sendo musealizado e que todos nós representamos os nossos papéis neste processo. É como se o objetivo fosse conseguir a recordação total. Trata-se então da fantasia de um arquivista maluco? Ou há, talvez, algo mais para ser discutido neste desejo de puxar todos esses vários passados para o presente? Algo que seja, de fato, específico à estruturação da memória e da temporalidade de hoje e que não tenha sido experimentado do mesmo modo em épocas passadas."
Se nós estamos, de fato, sofrendo de um excesso de memória*, devemos fazer um esforço para distiguir os passados usáveis dos passados dispensáveis. Precisamos de discriminação e rememoração produtiva e, ademais, a cultura de massa e a mídia virtual não são necessariamente incompatíveis com este objetivo. Mesmo que a amnésia seja um subproduto do ciberespaço, precisamos não permitir que o medo e o esquecimento nos dominem."
Andreas Huyssen
*O termo é de Charles S. Maier: "A surfeit of memory? Refletions on history, melancholy and denial"
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